Autor de sete livros que abordam tecnologia e negócios e apontado como um dos três colunistas de tecnologia mais admirados do Brasil, Ricardo Cavallini é presença confirmada no 11º Fórum IEL de Inovação, que acontece nos dias 7 e 8 de maio na sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS). Reconhecido como pioneiro do movimento maker, é um dos apresentadores do reality show Batalha Makers, no Discovery Channel. Sua palestra, intitulada Pensamento Exponencial: o conflito de gerações e o desafio da inovação, será no primeiro dia de evento. As inscrições ainda estão abertas e podem ser realizadas neste link.
Para Cavallini, é essencial que as empresas entendam que o cenário atual é composto por muitos riscos, mas também oportunidades. Nesta entrevista, ele explica o que é o pensamento exponencial e como ele pode auxiliar as empresas: "Pensamento exponencial é você entender e aceitar esse cenário, mas também começar a mudar a mentalidade da sua empresa ".
Leia os principais trechos:
O que é pensamento exponencial?
Hoje o setor tecnológico passa por um cenário de evolução exponencial, ou seja, as coisas estão mudando não só cada vez mais rápido, mas com cada vez mais impacto. Essa mudança, que tem base tecnológica, impacta diretamente os modelos de negócio. Quando uso o termo “exponencial” é muito mais para explicar essa realidade que está mudando numa velocidade absurda. O que a gente pode mudar, como pode se preparar, como pode trabalhar melhor esse cenário? Hoje esse é o grande desafio.
Como as empresas podem buscar oportunidades nesse cenário?
Quando a gente olha para as tecnologias e novamente para as mudanças de cenário que elas provocam, percebemos que há muitos desafios, mas também muitas oportunidades. Temos que trabalhar nessas duas frentes simultaneamente. Nós, enquanto executivos, enquanto empresas, trabalhamos para minimizar os possíveis efeitos negativos que essas tecnologias podem trazer, mas também precisamos olhar como podemos nos beneficiar com essas mudanças. É muito importante as empresas entenderem que existem riscos e desafios. É chato lidar com isso. É uma tristeza lidar com alguns dos problemas que estão surgindo. É difícil ter paciência. Mas há muita oportunidade. Quando a gente fala de mudança geopolítica, a tecnologia é um dos fatores que tem causado muita mudança. Se a gente for falar, por exemplo, dessa questão das tarifas do governo Trump, ela tem total ligação com a mudança tecnológica, de para onde está indo a produção. Essas coisas estão interligadas, não dá para separar.
E como as empresas podem se adaptar a essas mudanças?
O primeiro passo é justamente entender que o cenário está mudando com uma velocidade maior para que você consiga preparar sua empresa para trabalhar em um cenário de constante mudança. Vão surgir mudanças inesperadas, isso faz parte da história.
Adotar o pensamento exponencial é uma das soluções para empreender neste cenário de constante mudança?
O pensamento exponencial é você entender e aceitar esse cenário, mas também começar a mudar a mentalidade da sua empresa. É a única solução. A única maneira de se preparar para esse cenário é você entender que ele existe e aceitar isso. Pode até parecer, mas isso não é tão óbvio no mundo corporativo. Depois de entender é hora de começar uma mudança de processo, de mentalidade na empresa, para que ela vivencie esse cenário com muito menos dificuldades.
Como o conflito de gerações entra nesse cenário?
A tecnologia faz com que a gente viva muito mais hoje em dia. Por consequência, o nosso tempo no mercado é muito maior. Encontrei outro dia uma empresa que tem cinco gerações trabalhando juntas. Esse é um novo cenário. Você tem mudanças de comportamento que acabam sendo exacerbadas quando você compara uma geração mais velha para uma geração mais nova. A gente sempre olhou a diferença de gerações como uma coisa boa. Há muito pouco tempo atrás isso mudou para uma coisa negativa. Por quê? E como é que a gente reverte isso? São discussões complicadas, mas que a gente precisa tratar de maneira honesta e transparente.
A inovação é a única maneira de uma empresa ter perspectiva de futuro?
É muito comum as pessoas acharem que a empresa é algo que vive para sempre, mas isso está longe de ser verdade. Você tem muitas empresas que morrem na infância e a maior parte das empresas vive menos do que um ser humano nos dias de hoje. A gente está acostumado a olhar grandes conglomerados, empresas com 200 anos, e achar que isso é o normal. Isso não é o normal. A grande diferença das empresas para o ser humano é que elas não têm o limite biológico. Então você pode ter uma empresa que dure mil anos, mas para que ela dure mil anos vai ter que se reinventar. Inovação é o caminho para isso. Quando a gente fala de se reinventar, estamos falando de inovar. Inovação não é só o foguete ou o celular novo. O conceito de inovação precisa ser desmistificado. Inovação é ruptura, mas também é incremento. As empresas precisam entender que essa mudança de mentalidade é a única saída para permanecerem vivas. Ainda é difícil para muito executivo aceitar essa mudança, porque ela não é agradável de enfrentar. Seria muito melhor ficar na zona de conforto, mas a gente não tem mais essa opção.
O que esperar da sua palestra no 11° Fórum IEL de Inovação?
O objetivo é ajudar a entender melhor esse cenário. A gente tem uma questão bastante grave de conflito de gerações e de mão de obra qualificada. Você tem muitas empresas que estão com dificuldades imensas de não só trazer a nova geração, mas até de repor o quadro de funcionários. Esse é um tema que não tem a atenção devida no Brasil, mas que a gente precisa falar sobre com bastante transparência e urgência. Espero que a palestra estimule essa discussão de uma maneira transparente e consiga trazer alguns caminhos para podermos olhar para o futuro.

