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Referência nas áreas de negócios, tendências e inovação, Martha Gabriel é presença confirmada no 11º Fórum IEL de Inovação, que acontece nesta quarta (7) e quinta-feira (8), na sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS). Autora dos best-sellers “Liderando o Futuro”, “Inteligência Artificial – do zero a superpoderes” e “Você, Eu e os Robôs”, Martha é futurista pelo IFTF, colunista do MIT Sloan Management Brasil e MIT Technology Review Brasil, além Top Voice LinkedIn. Sua palestra tem como tema Habilidades para o futuro.

Para Martha, estar preparado para as mudanças é fundamental no atual cenário e, para isso, precisamos de uma série de habilidades. Confira os principais trechos da entrevista:
 
Quais são as habilidades para o futuro e como elas auxiliam as empresas a promoverem a inovação? 
A gente tem três categorias principais de habilidades. A primeira é a que nos permite enxergar a incerteza e a complexidade. O ser humano não foi configurado para antecipar, mas sim para reagir. E agora, antecipar é essencial. Uma dessas habilidades é o letramento em futuros. Para enxergar o presente, que está extremamente complexo, a gente precisa de pensamento crítico, que, na minha opinião, é a habilidade número zero. A próxima etapa é agir. Então, entram as habilidades ligadas à inovação e à adaptação, para conseguir lidar com essa mudança contínua. A terceira categoria é a mais importante: fazer tudo com humanidade. Moral, ética, emoção, empatia — toda essa parte ligada à essência do ser humano é o divisor final de qualquer decisão que a gente toma. 
 
E sobre as profissões do futuro? 
Acho que hoje em dia é mais valioso falar em habilidades que servem para qualquer profissão. Por isso digo que são habilidades estruturantes. Não importa qual seja a profissão, você se adapta rapidamente, enxerga o que precisa mudar e faz acontecer. Mas é fundamental ter essas habilidades voltadas para o bem comum. Se a gente aumenta a inteligência no mundo, mas não aumenta a humanidade, estamos em risco, porque inteligência sem humanidade é cruel. Conhecer essas habilidades é o primeiro passo. 
 
Você já falava de IA antes de ela se tornar esse grande tema. Como as empresas podem lidar com o dilema de usar ferramentas de inteligência artificial sem perder a humanidade? 
A IA pode nos ajudar a sermos mais humanos. Já existem, há muitos anos, tecnologias de IA que fazem coaching em tempo real com atendentes de call center e vendedores. Elas orientam o tom de voz, por exemplo, para que você consiga ajudar o outro de forma mais eficaz. A IA pode ser um apoio, se for bem usada. As pessoas pensam muito na IA como substituição. Mas, muitas vezes, ela realiza o que nenhum humano conseguiria fazer, por falta de tempo ou escala. Em 2012, participei de um evento nos Estados Unidos e conheci a Narrative Sciences. Essa empresa usava IA para transformar dados da Liga de Futebol Infantil, aquela que só interessa para pai, mãe e professor, em relatórios com duas perspectivas: a do time vencedor e a do perdedor. É algo que nenhum jornalista teria tempo de fazer em larga escala. Portanto, se a gente usar a IA onde ela é realmente necessária, conseguimos cobrir lacunas, conhecer melhor a nós mesmos e levar uma linguagem humanizada para as tecnologias.  
 
Quais oportunidades surgem a partir do uso estratégico de IA pelas empresas? 
Todas! Não há problema ou processo em que a IA não possa ajudar. Qualquer lugar que tenha dados e desafios é um campo de atuação para a inteligência artificial. A natureza da IA é processar volumes imensos de dados com altíssima velocidade, algo que não foi feito para o nosso cérebro resolver. O nosso cérebro é para autonomia, pensamento crítico, emoção, contexto, ambiguidade. Quando olhamos para os processos de negócios, percebemos que muita coisa pode ser feita com o auxílio da IA. Mas ela ainda não consegue realizar aquilo que fazemos de melhor: entender o contexto, tomar decisões, interpretar nuances.

Publicado Terça-feira, 6 de Maio de 2025 - 11h11